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Registo de autoridade
Guerra, António Teixeira
PT/FIMS/ATG · Pessoa · 1929 - 2012

António Maria de Calça e Pina Teixeira Guerra nasceu a 7 de fevereiro de 1929 em Santa Maria de Belém, Lisboa, filho do Dr. Rui da Fonseca e Sousa Camões Teixeira Guerra e de Mariana de Sousa Menezes de Calça e Pina Teixeira Guerra. Casou-se com Martine Anne Marguerite Françoise Marie de Stoop Teixeira Guerra, com quem teve 3 filhos e 1 uma filha.
António Teixeira Guerra viveu a sua juventude quase toda no estrangeiro, em virtude das missões diplomáticas do seu pai, cônsul e embaixador. Teixeira Guerra estudou no Canadá, na Alemanha, nos EUA, Inglaterra, França e na Suíça. O pai foi um dos principais promotores da política de integração de Portugal na E.F.T.A. e instalou o primeiro consulado de Portugal no Canadá. Por isso, António Teixeira Guerra viveu no Canadá entre os 8 e os 12 anos, mudando-se para Berlim em 1940, no período de governo nazi. A família mudou-se no ano seguinte para os Estados Unidos da América, onde António terminou o liceu em 1946.
A opção de Teixeira Guerra pela arquitetura foi, segundo ele, consequência do seu talento para a matemática e para o desenho. De 1946 a 1947 frequentou o 1º ano da Escola de Arquitetura da Universidade de Manchester. Prosseguiu depois os seus estudos no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura e Urbanismo na Escola Politécnica da Universidade de Lausanne, na Suíça, tendo aí obtido o Diploma de Arquiteto com a classificação de 20 valores a 22 de julho de 1955. Ainda na Universidade de Lausanne, aceitou o convite de Jean André Tschumi, Diretor da Escola de Arquitetura e Urbanismo, fundador e então presidente da União Internacional dos Arquitetos (UIA), para exercer as funções de seu professor assistente. Em 1957, após ter passado com 19 valores no exame de equivalência exigido para o exercício da profissão de arquiteto e urbanista em Portugal na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), inscreveu-se no Sindicato Nacional dos Arquitetos (SNA) em Portugal.
Entre 1957 e 1975, António Teixeira Guerra foi consultor e colaborador do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII), em Lisboa, contribuindo para a estruturação e organização iniciais desse instituto, colaborando na criação do seu Núcleo de Arte e Arquitetura Industrial em 1960, e promovendo várias ações para a melhoria do “desenho industrial” a nível nacional. Ainda em 1960, e pela ação de Teixeira Guerra, o INII realizou a sua primeira apresentação pública na Exposição de Embalagem na FIL (Feira Internacional de Lisboa), com um stand da autoria do arquiteto e designer António Sena da Silva e com a colaboração dos designers António Garcia e Luís Filipe de Abreu. No âmbito da sua ação no INII, António Teixeira Guerra destacou-se como consultor em matéria de planeamento regional e turístico: em colaboração com o Dr. José da Silva Lopes elaborou as bases para o primeiro Plano de Desenvolvimento Turístico de âmbito nacional em Portugal, projetou e acompanhou programas de assistência técnica para a E.F.T.A. e a O.C.D.E., participou em negociações para programas de assistência técnica no âmbito de instituições europeias, nomeadamente entre Portugal e a Suíça, e organizou várias conferências, colóquios e ações didáticas.
António Teixeira Guerra criou a ADR – Agência de Desenvolvimento Regional, Lda., uma sociedade de estudos e projetos de urbanismo e arquitetura onde se abordava problemáticas com componentes pluridisciplinares, como planificação urbana, regional, turística, mobilidade e industrial. Através desta agência, Teixeira Guerra concretizou vários projetos de urbanismo e arquitetura, tais como as instalações do DIALAP - Sociedade Portuguesa de Lapidação de Diamantes, SARL, de 1960, em colaboração com o arquiteto e professor Carlos Manuel Ramos, o plano de urbanização do Conjunto Turístico de Nova Belas, em 1979, o Plano Geral de Remodelação do Centro Urbano de Vila do Conde, de 1980, e a Reabilitação do Castelo do Crato, de 1992.
No ano de 1979 esteve na Universidade da Califórnia, em Irvine, como investigador visitante convidado na área da antropologia urbana e da programação operacional. Aqui delineou o seu primeiro projeto criativo para o Castelo do Crato.
Os seus projetos de obra são diversificados e presentes em vários pontos do país, com destaque para as regiões da Grande Lisboa, Alentejo e Algarve. As tipologias mais presentes são a arquitetura industrial e os planos urbanísticos para conjuntos residenciais turísticos. O seu atelier situava-se na Av. Infante Santo, Lisboa.
A obra a que António Teixeira Guerra se dedicou com mais paixão foi a recuperação e reconversão do Castelo do Crato, cuja ruínas tinham sido adquiridas pelo seu pai, o Dr. Rui Teixeira Guerra, em 1939. Em 1989, após a doação do castelo à Câmara Municipal do Crato pelo pai, em representação da sociedade Centro de Estudos e Intercâmbio Turístico do Crato Lda., António Teixeira Guerra fez um contrato com a mesma Câmara tendo em vista a recuperação e valorização do castelo, através de uma concessão por 99 anos à sua Agência de Desenvolvimento Regional. Ligado a este projeto, Teixeira Guerra fundou a Fundação do Castelo do Crato, que pretendia ser um centro de investigação e de alta tecnologia, focada nos meios audiovisuais, com uma área de museu dedicada ao património artístico mundial, no reabilitado castelo.
António Teixeira Guerra morreu em 2012.

CABRAL, Bartolomeu Costa
PT/FIMS/BCC · Pessoa · 1929-02-08 - ....

Bartolomeu Albuquerque da Costa Cabral nasce em Lisboa a 8 de fevereiro de 1929. É o terceiro filho de Maria Teresa de Albuquerque e de António de Alcântara Bernardo de Carvalho e Vasconcelos da Costa Cabral, Conde de Tomar. Foi a mãe, afirma, que viu “uma sensibilidade de artista” e o exortou a estudar arquitetura. Assim, terminados os estudos no Liceu Pedro Nunes, em 1947, Costa Cabral inicia a preparação, no atelier de Frederico George (1915-1994), para o exame de Desenho de admissão à Escola de Belas-Artes de Lisboa (EBAL), onde ingressa, no mesmo ano, no Curso Especial de Arquitectura.
Ainda estudante, inicia o seu percurso profissional no atelier de Nuno Teotónio Pereira (1922-2016). É, assim, com Teotónio Pereira, mas também com Manuel Tainha (1922-2012), Rafael Botelho (1923), Raúl Chorão Ramalho (1914-2002), Manuel Alzina de Menezes (1920-2016), Ernesto Borges (seu colega no liceu) e José de Lucena (e, a partir de 1957, também com Nuno Portas), que Costa Cabral consolida o seu pensamento sobre a Arquitetura. É também no atelier de Teotónio Pereira que, pela realização o Bloco das Águas Livres, de que é coautor, considera concluída a sua formação. Permanece como colaborador no atelier de Nuno Teotónio Pereira até 1958, tendo apresentado o CODA “Uma Pousada para a Praia do Vau” (e, portanto, terminando o curso na ESBAL) em 1957.
A partir de 1954, trabalha também no GEU (Gabinete de Estudos e Urbanização), onde se mantém até 1959 – ano em que ingressa no Gabinete de Habitações Económicas da Federação de Caixas de Previdência (HE-FCP). Nesse organismo dedica-se, até 1968, à produção de estudos e projetos de habitação económica para várias zonas do país. No âmbito do trabalho na HE-FCP realiza, além disso, viagens e estágios: em 1962, em Paris, estagia no Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) e no atelier de Candilis, Josic e Woods; em 1965, em Londres, no London County Council (LCC) (após um breve período em 1964, na Madeira, onde colabora com Rui Goes Ferreira no desenvolvimento de projetos para a Federação de Caixas de Previdência); e em 1967, em Lisboa, estagia no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). É nesta década de 60 que porventura mais se evidenciam as suas preocupações sociais, refletidas nas obras construídas, nos relatórios que realiza, nos artigos que publica ou nos eventos em que se faz presente. É também nesta década que se intensifica a sua participação cívica, evidente em 1960, no seu trabalho enquanto membro da comissão organizadora do I Colóquio do Habitat, ou da Direção do SNA (1960-65).
Em 1968, leciona na ESBAL, a convite de Nuno Portas, tendo ingressado, em 1967, no atelier de Conceição Silva e Maurício de Vasconcellos (1925-1997). No ano seguinte, inicia a sua colaboração no Grupo de Planeamento e Arquitectura (GPA), atelier fundado por Maurício de Vasconcellos e Luís Alçada Baptista, onde trabalha até à morte de Maurício de Vasconcellos, em 1997. No GPA, sendo responsável por numerosos trabalhos, desenvolve sobretudo projetos de grande dimensão, nomeadamente planos de urbanização e edifícios para o ensino superior. Entretanto, em 1973 funda o seu atelier, onde desenvolve projetos mais variados na escala e no programa.
Desde 1948 até aos nossos dias, Bartolomeu Costa Cabral concebeu cerca de duas centenas de projetos. Desde peças de mobiliário a projetos de planeamento urbano, a obra apresenta as mais diversas escalas de intervenção. Apresenta também resposta a uma grande diversidade de programas, de lugares e de linguagens.

Lima, José da Cruz
PT/CL · Pessoa · 1910 - [1994]

José da Cruz Lima, filho de Joaquim da Cruz Lima e de Maria da Piedade Vale Lima, nasceu a 9 de setembro de 1910, em Nossa Senhora do Carmo, Luanda, Angola.
Casou-se com Maria Luiza Soares da Costa a 19 de março de 1938.
Frequentou a Escola de Belas Artes do Porto, entre 1933 e 1935, onde foi aluno de José Marques da Silva. Em dezembro de 1945, apresenta o CODA com o título "Projeto Duma Casa de Habitação", recebendo o Diploma de arquiteto, com a classificação de 19 valores (Distinto), a 29 de janeiro de 1946.
No início da sua carreira, colaborou, entre outros, com os arquitetos Januário Godinho, António Ferreira da Silva Janeira e Mário Carlos Barbosa Ferreira.
José da Cruz Lima desenvolveu uma longa carreira de arquiteto como profissional liberal e também como arquiteto consultor da Câmara Municipal de Ovar, tendo obra projetada e construída sobretudo nos concelhos do Porto, Matosinhos e Ovar, entre os anos de 1937 e 1983.
O seu atelier funcionou na Praça do Município, na Praça Humberto Delgado, na Avenida dos Aliados, e também na Rua do Carvalhido, Porto, enquanto sua residência.

José da Cruz Lima, Estudante
Entidade coletiva · 1933 - 1946

José da Cruz Lima frequentou a Escola de Belas Artes do Porto entre 1933 e 1935, tendo sido aluno de José Marques da Silva e tendo como colegas e amigos, Fernando Távora, Cassiano Barbosa e Guilherme Camarinha, entre outros. Em dezembro de 1945, defendeu o CODA com o programa de uma residência particular com o nome "Projeto duma Casa de Habitação", recebendo o diploma de arquiteto com a classificação de 19 valores (Distinto) pela EBAP a 29 de janeiro de 1946.

Entidade coletiva · [1980] - [1999]

Entre as décadas de 80 e 90, os arquitetos Carlos Carvalho Dias e Pedro Torres Guimarães, que já há alguns anos colaboravam juntos, assinaram projetos em partilha de atelier conjunto. Embora a maior parte dos projetos que constituem o acervo seja de carácter urbanista em serviço a Câmaras Municipais, o atelier dos dois arquitetos também se dedicou a alguns projetos de arquitetura.

DIAS, Carlos Carvalho
Pessoa · 1929 - ....

Carlos Alberto Carvalho Dias nasceu a 14 de janeiro de 1929 em Viana do Castelo.
Iniciou a sua atividade ininterrupta como arquiteto em regime liberal em 1954, após concluir a frequência do Curso de Licenciatura em Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Entre 1955 e 1956, como arquiteto estagiário, integrou a equipa responsável pelo mapeamento da Zona 2 - Trás-os-Montes e Alto Douro - no âmbito do Inquérito à Arquitetura Regional Portuguesa, juntamente com Arnaldo Araújo e com Octávio Lixa Filgueiras, coordenador da equipa. Ainda em 1955, frequentou o Curso de Urbanismo na ESBAP lecionado pelo arquiteto e professor francês Robert Auzelle. Carvalho Dias recebeu o Diploma em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto em 1957, com a apresentação do seu Concurso para Obtenção do Diploma de Arquitecto (CODA), subordinado ao tema "Uma Habitação na Praia de Moledo do Minho”, pelo qual obteve a classificação de 19 valores.
De 1957 até 1968, Carvalho Dias integrou o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal do Porto como consultor, sob a orientação do Prof. Auzelle, com quem foi coautor do Plano Diretor do Porto (também conhecido como Plano Auzelle), publicado em 1962. Colaborou ainda com o Prof. Auzelle na organização e na direção do Curso de Férias da União Internacional dos Arquitetos de 1968 na ESBAP.
Em 1973, recebeu o convite do Prof. Percy Johnson-Marshall, da Universidade de Edimburgo, e do Prof. Manuel da Costa Lobo, do Instituto Superior Técnico, para coordenar a comissão de consultores que viria a elaborar o “Plano da Região do Porto”, apresentado oficialmente em 1975.
Carlos Carvalho Diasas foi o arquiteto-chefe do Fundo de Fomento da Habitação no Porto entre 1973 e 1975, .
Nos anos de 1986 e 1987, exerceu o cargo de Secretário-Adjunto do Governo de Macau, assumindo a pasta do Equipamento Social, a convite do Prof. Joaquim Pinto Machado, nomeado Governador de Macau nesse ano. Carlos Carvalho Dias esteve envolvido em vários projetos urbanísticos no território de Macau, nomeadamente no estudo para localização e construção do aeroporto, na criação do “Museu da Marinha” (Museu Naval de Macau) e do “Laboratório de Engenharia Civil de Macau”, na conclusão do Plano de Urbanização do Território e na apresentação da candidatura de Macau a Património Cultural Mundial.
Em 1988 integrou o Departamento dos Estabelecimentos Humanos e do Património Cultural da Fundação do Oriente, no qual foi consultor para a área do Património de 1989 a 1997.
Entre 1989 e 2007, foi Professor Auxiliar Convidado na Universidade Lusíada, Porto, regendo as unidades curriculares de Urbanismo, Recuperação e Planeamento Urbano.
Em 1996, foi eleito Vogal da Delegação Portuguesa do “ICOMOS” (International Council on Monuments and Sites), na qual assume um papel determinante para a atribuição de Património Cultural Mundial ao Centro Histórico do Porto.
Carlos Carvalho Dias foi arquiteto-urbanista consultor para várias Câmaras Municipais no Norte de Portugal, nomeadamente Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Braga e Chaves, entre outras. Durante as décadas de 80 e 90, produziu projetos de urbanismo em atelier conjunto com o arquiteto Pedro Torres Guimarães, que era já anteriormente seu colaborador.
Carvalho Dias foi também um relevante promotor do urbanismo a nível nacional e internacional. Juntamente com outros arquitetos-urbanistas, fundou a 23 de janeiro de 1965, em Amesterdão, a Associação Internacional de Urbanistas, da qual foi vice-presidente no triénio de 1981/82 a 1983/1984, e fundou, em janeiro de 1983, em Coimbra, a Sociedade Portuguesa de Urbanistas (mais tarde Associação dos Urbanistas Portugueses), na qual também exerceu vários cargos diretivos.
Durante o seu percurso profissional, Carlos Carvalho Dias participou em diversos congressos nacionais e internacionais de arquitetura e urbanismo, salientando-se os organizados pela FIHUAT (Federação Internacional da Habitação, Urbanismo e Ordenamento do Território) e pela AIU (Associação Internacional de Urbanistas) entre 1956 e 2011. Dos vários eventos em que colaborou na organização, destaca-se o XX Congresso Internacional dos Urbanistas, que decorreu em Braga de 31 de agosto a 5 de setembro de 1984.
Em 2003, foi-lhe atribuído o grau de Membro Honorário da Ordem dos Arquitetos. É também membro honorário da Associação dos Urbanistas Portugueses e da Associación Española de Tecnicos Urbanistas.
Em 2010, é publicado o seu livro “Memórias de Trás-os-Montes e Alto-Douro: nos 55 anos do ‘Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa’", escrito com base no seu trabalho realizado entre 1955 e 1960 no âmbito do projeto do Sindicato Nacional dos Arquitetos sobre a arquitetura popular portuguesa.

Domingos Pinto de Faria
Pessoa · 1934-2002

Domingos Ferreira Pinto de Faria nasceu a 12 de janeiro de 1934, em Rio Tinto, Gondomar, filho de Lino Pinto de Faria e Maria Ferreira.
Casou-se com Maria Nazaré da Silva Moreira Pinto de Faria, com teve três filhos.
Obteve o seu Diploma de Arquiteto na Escola Superior de Belas Artes do Porto em 1965, mas a sua formação incluiu, também, a frequência do Curso de Economia da Construção, ministrado por D. A. Turin da University College of London.

Entre 1957 e 1970 exerceu a sua atividade na Câmara Municipal do Porto, primeiro no Gabinete de Urbanização, colaborando diretamente na elaboração do Plano Director da Cidade do Porto, sob a orientação do Professor Arquitecto Robert Auzelle, e posteriormente na Repartição de Construção de Casas, integrado na equipa escolhida para a realização do Plano de "extinção" das ilhas da cidade do Porto.

Paralelamente, entre 1970 e 1973, é consultor dos Caminhos de Ferro Portugueses para a Região Norte.

Em 1970 é contratado pelo Fundo de Fomento da Habitação, em janeiro de 1981 é nomeado Diretor da Direção de Habitação do Norte, deixando de exercer esse cargo, a seu pedido, em Março de 1982. Desenvolveu, paralelamente, atividade como Deputado da Assembleia Municipal do Porto.

Da obra desenvolvida enquanto profissional liberal destacam-se, na cidade do Porto, entre outros: os projetos para a Universidade Católica do Porto, o Centro Diocesano - Casa de Vilar ou a reconstrução do Hotel Boa-Vista. A sua obra estende-se a Braga, Póvoa de Varzim, Cinfães, Marco de Canavezes, Gondomar, Francelos e Famalicão.

Domingos Pinto de Faria faleceu em 2002.

FILGUEIRAS, Octávio Lixa
PT/FIMS/OLF · Pessoa · 1922-1996

Octávio Lixa Filgueiras nasceu no Porto, na freguesia de Nevogilde, a 16 de agosto de 1922. Filho de Octávio José Filgueiras e Aurora Rosa Lixa Filgueiras é o filho mais velho de 3 irmãos. Casou com Olívia Maria Neves de Oliveira Filgueiras, em 1945, com quem teve 6 filhos.
Em 1940 terminou o Curso Geral dos Liceus, no Liceu Alexandre Herculano, no Porto.
Depois da frequência do 1º ano dos estudos preparatórios de Engenharia, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, mudou de licenciatura, e ingressou, em 1942, no curso de Arquitetura, na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP). Diplomou-se em 1954. A tese apresentada ao Concurso para Obtenção do Diploma de Arquitecto (C.O.D.A.), “Urbanismo – um tema rural”, obteve classificação máxima de 20 valores, e foi inovadora em múltiplos sentidos: constituiu o primeiro trabalho teórico-prático aceite pela Escola, então dirigida por Carlos Ramos, e trouxe para o debate académico a importância das comunidades rurais enquanto área de estudo.
Em 1955 venceu o concurso para Arquiteto da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Entre 1955 e 1957, participou no "Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal", iniciativa do Sindicato Nacional dos Arquitetos. Octávio Lixa Filgueiras foi o coordenador do grupo de trabalho constituído para a Zona II (Trás-os-Montes/Alto Douro), onde também participaram Arnaldo Araújo e Carlos Carvalho Dias. Do trabalho desenvolvido nesta Zona II saíram as bases para o tema da representação portuguesa no 10º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), em Dubrovnik, em 1956. O trabalho Habitat Rural – Nouvelle Communauté Agrícole defendia a aproximação ao “país real”, discutindo não só a aplicação dos princípios de desenho urbano definidos pelo Movimento Moderno, quanto a escala dos aglomerados rurais. Foi apresentado por Viana de Lima e Fernando Távora, porta-vozes da equipa onde se integrava Lixa Filgueiras, Arnaldo Araújo, Carlos Carvalho Dias e Alberto Neves.
Em 1958 Octávio Lixa Filgueiras iniciou a sua experiência pedagógica e começou a exercer serviço no Curso de Arquitectura da ESBAP. Manter-se-á vinculado à prática docente na Escola e, posteriormente, na Faculdade, até 1991.
Entre 1961 a 1963 Octávio Lixa Filgueiras foi Arquitecto Regional das Habitações Económicas da Federação das Caixas de Previdência.
Até à década de 70 exerceu vários cargos de relevo na área cultural e patrimonial: entre 1967 e 1977 foi vogal da 4ª Sub-Secção da 2ª Secção da Junta Nacional da Educação (Património Arquitectónico/Urbanístico). Entre 1970 e 1973 foi Membro da Comissão de Intercâmbio do Instituto de Alta Cultura. Entre 1973 e 1976 foi Inspector Superior das Belas-Artes e membro da Comissão Nacional do “Ano Europeu do Património Arquitectónico”.
Na Junta Nacional de Educação, coordenou o Processo «Cidade Romana de Braga» (1976) e o Inquérito «Imóveis do Património a Recuperar», este último desenvolvido com Manuel Fernandes Sá (1978).
Entre 1978 e 1981, é chamado por David Mourão-Ferreira para integrar o Gabinete do Secretário de Estado da Cultura e colaborar na estruturação da futura Delegação Regional do Norte.
Em 1981 é destacado da Secretaria de Estado da Cultura para o Centro de História da Universidade do Porto onde permaneceu até 1985, data em que é criada a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto para onde é transferido como Professor Catedrático, a seu requerimento. Nesta instituição começou por dirigir um seminário de finalistas dedicado à Protecção do Património Arquitetónico.
Entre 1985-1993 exerceu funções de membro do Conselho Consultivo do Instituto Português do Património Cultural.
A paixão pela Etnologia e Arqueologia Naval é uma constante na sua vida. Nestas áreas desempenhou atividades tão distintas quanto: bolseiro do Instituto de Alta Cultura pelo Centro de Estudos de Etnologia Peninsular; autor do inquérito às embarcações tradicionais portuguesas; consultor do Museu da Marinha e membro fundador do Grupo de Estudos de História Marítima do mesmo Museu (1964). Integrou o Centro de Estudos da Marinha, em 1970, do qual transitou, em 1978, para a Academia de Marinha. Fez parte do Grupo de Trabalho para Defesa do Património Arqueológico Subaquático (1976-1984) e ainda da Comissão de Estudos de Aproveitamento do Leito do Mar, do Gabinete do Chefe do Estado-Maior da Armada. Participou em todos os International Symposia on Boat & Ship Archaeology, tendo organizado o 4º Simpósio, em 1985. Enquanto mentor da Arqueologia subaquática em Portugal, e pela sua experiência de mais de três décadas, exerceu a função de delegado português na reunião do Conselho de Ministros da Comunidade Económica Europeia sobre a defesa do Património Cultural Subaquático (Paris, 1979) e no Grupo de Trabalho de redacção da respectiva Convenção Europeia (Estrasburgo, 1980-85). Nesta área de investigação, foi ainda membro do Hellenic Institute of Marine Archaeology e membro fundador da associação cultural, sem fins lucrativos, Arqueonáutica – Centro de Estudos, onde colaborou na redacção do Livro Branco – Arqueologia ou Caça ao Tesouro? Para um debate sobre a legislação do património arqueológico subaquático em Portugal, documento que, conjuntamente com o movimento cívico a ele associado, viria a contribuir para a revogação da legislação adoptada nos anos noventa do século XX, a qual favorecia a exploração comercial do património cultural subaquático em Portugal.
Faleceu a 11 de Março de 1996, no Porto.
Octávio Lixa Filgueiras foi agraciado postumamente, ainda em 1996, com a Medalha de Mérito Cultural, Grau Ouro, pela Câmara Municipal de Gaia, seguindo-se outras homenagens, publicações de trabalhos de sua autoria.
O seu acervo sobre cultura marítima, o mais importante arquivo pessoal do país, foi doado pelos seus filhos ao Museu Marítimo de Ílhavo, em 2007:
A colecção de fotografias foi doada ao Centro Português de Fotografia, em 2009.

José da Cruz Lima, Arquiteto Liberal
Entidade coletiva · 1936 - 1983

Após terminar o curso na Escola de Belas Artes no Porto em 1935, José da Cruz Lima inicia a sua atividade como arquiteto desenvolvendo sobretudo projetos de habitação unifamiliar. Nesse período, antes de receber o seu diploma de arquiteto em 1946, estagiou com os arquitetos Januário Godinho, António Ferreira da Silva Janeira e Mário Carlos Barbosa Ferreira. Como profissional liberal, a sua obra é projetada e construída sobretudo no Porto, Matosinhos, S. João da Madeira e Ovar, entre os anos de 1936 e 1983. Para além de habitação unifamiliar e plurifamiliar, a sua obra expressa-se também em equipamentos culturais - nomeadamente cineteatros - comerciais, industriais e funerários.
O seu atelier funcionou na Praça do Município, 267 – 5º, Sala 9, Porto, e também na sua residência na Rua 1º de janeiro, 85 - 3º Esq. Traseiras, 4100 Porto.

FERREIRA, Alfredo Durão de Matos
1928-2015

Alfredo Durão de Matos Ferreira nasceu em Lisboa, a 1 de março de 1928. Era filho de António Joaquim de Matos Ferreira, médico dos Caminhos de Ferro em Trás-os-Montes e Bertha Nery Durão, pintora, discípula de Columbano.
Em 1948 matriculou-se na Escola de Belas Artes do Porto, em 1952 termina o curso especial de arquitetura, concluindo o Curso Superior de Arquitetura em 1959.
Alfredo Matos Ferreira nunca chegou a concluir o trabalho para o Concurso para Obtenção do Diploma de Arquitecto – “Reconversão urbana e agrícola para a aldeia de Urros”, que alinhara em 1961. Em 1973 por questões profissionais remete o seu Curriculum Vitae a procedimento burocrático, para a obtenção administrativa do documento de curso.
Alfredo Matos Ferreira exerceu atividade profissional de arquiteto ao longo de mais de 50 anos (1950-[2004]).
Ainda estudante, no início da frequência escolar, trabalhou por curto período de tempo com o tio Mário Abreu, nomeadamente na urbanização nascente da rua da Friagem, atual rua Arquitecto Marques da Silva.
Entre 1970 e 1972 colaborou no escritório de Arménio Losa, desenvolvendo entre vários trabalhos o projeto para a Central de Camionagem em Vila Nova de Famalicão.
Alfredo Matos Ferreira exerceu atividade profissional nos programas da habitação individual, grupal ou multifamiliar, e no âmbito dos equipamentos para o ensino e no desenho urbano.
Em 1976 até 1998, por convite, Alfredo Matos Ferrrira iniciou a docência da disciplina de Projeto, no Curso de Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes do Porto atividade que, acompanhando a integração do curso na Universidade do Porto, se consolidou na Faculdade de Arquitectura, até 1998. E foi no contexto de prestação de provas académicas que elaborou o trabalho “Aspectos da Organização do Espaço Português” (1986).
De interesses multifacetados Alfredo Matos Ferreira experimentou o cinema, produzindo, entre outros, alguns documentários de valor antropológico; teve igualmente fascínio pelo mar, praticou vela e estudou a construção de barcos.
Alfredo Matos Ferreira faleceu no dia 27 de junho de 2015, no Porto, na sua residência na rua Arquitecto Marques da Silva.

MARTINS, Maria José Marques da Silva
PT/MJMSM · Pessoa · 1914-1994

Maria José Marques da Silva Martins, também conhecida por Maria José Marques da Silva, nasceu no dia 7 de setembro de 1914, na Praça Marquês de Pombal nº 44, freguesia do Bonfim, no Porto.
Em 1933, matriculou-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde concluiu o respetivo Curso Especial no ano letivo de 1937/38 e o Curso Superior de Arquitetura em 5 de Novembro de 1938. Fez tirocínio, dirigindo “in loco”, em 1939/43, todos os trabalhos de construção do seu prédio de rendimento sito às ruas de D. António Barroso e Barjona de Freitas, na cidade de Barcelos, cujo projeto elaborou orientada por seu pai, em Julho de 1939.
Em Julho de 1943, após defesa da respetiva tese na Escola Superior de Belas Artes do Porto, obteve o diploma de arquitetura com a classificação de 18 valores (distinta), sendo a primeira arquiteta a diplomar-se naquela escola.
Inicia a sua atividade profissional no atelier de seu pai e é ai que conhece David Moreira da Silva, arquiteto e urbanista, com que veio a casar em 1943.
Maria José e David Moreira da Silva partilharam o atelier (1941-1994) e efetuaram trabalhos de consultadoria, projetos de obras, equipamentos, edifícios mistos, habitações (rurais e urbanas), peças de mobiliário, continuaram e concluíram obras iniciadas por José Marques da Silva.
Nas décadas de 70 e 80, o casal afastou-se do urbanismo e dedicou-se essencialmente à produção agrícola das suas propriedades em Barcelos. No entanto, ainda nessa época, Maria José Marques da Silva Martins desempenhou cargos de chefia na Associação dos Arquitectos Portugueses, tendo presidido à Secção Regional do Norte da Associação dos Arquitectos e organizado o 40.º Congresso desta organização, realizado no Palácio da Bolsa, em 1986.
Faleceu na freguesia da Vitória, Porto, no dia 13 de Maio de 1994.

FERREIRA, Raúl José Hestnes
Pessoa · 1931-2018

Raúl José Hestnes Ferreira, filho de José Gomes Ferreira, poeta português e de Ingrid Hestnes Ferreira, norueguesa, nasce em Lisboa em 1931 e morre na mesma cidade em 2018. A vertente republicana e democrata defendida por Alexandre Ferreira, seu avô paterno são influências fundamentais.

Dos seus relacionamentos teve quatro filhos: Pedro Godinho Carranca Hestnes Ferreira, falecido em 2011, Sílvia Godinho Carranca Hestnes Ferreira, Adriana Deodato Hestnes Ferreira e Ingrid Deodato Hestnes Ferreira.

Ingressou na Escola de Belas Artes de Lisboa no ano lectivo 1951-1952 e no ano seguinte transferiu-se para a Escola de Belas Artes do Porto onde permanece até 1957. No ano seguinte, viaja para a Escandinávia, tendo estudado e trabalhado na Finlândia.

Em 1961, diploma-se em Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, com a Tese sobre “Residências Universitárias”, com a classificação de 19 valores.

Em 1962, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, ingressa na Universidade de Yale e depois na Pensilvânia, tendo obtido o diploma de Master in Architecture, em 1963. Entre 1962 e 1965, para além de estudar com Louis I. Kahn, também colaborou no seu atelier, em Filadélfia.

Depois de regressar a Portugal, reinicia a sua atividade profissional, em nome próprio e colabora com diversos organismos estatais, tais como a Câmara Municipal de Almada, o GTH (Gabinete Técnico da Habitação) e DSU (Departamento de Serviços de Urbanismo) da Câmara Municipal de Lisboa, a Direção Geral das Construções Escolares, o Departamento de Gestão Urbanística da Câmara Municipal de Beja.

Entre 1970 e 1972 é convidado por Frederico George, como assistente convidado para a disciplina de Arquitectura, na ESBAL. Durante dois anos, foi professor convidado do Curso de Arquitectura da Cooperativa Árvore, entre 1986 e 1988. Foi membro da Comissão Instaladora do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra e por um período de doze anos, entre 1991 e 2002, foi Professor Catedrático convidado do Departamento. No ISCTE lecionou entre 2001 e 2003 e desde 2010 até a data da sua morte foi Professor Catedrático convidado no Departamento de Arquitectura da Universidade Lusófona, em Lisboa.

Raúl Hestnes Ferreira dividiu a sua atividade em duas vertentes: Arquitetura e Planeamento Físico e Urbano. Na vertente da Arquitetura desenvolveu vários projetos Habitacionais (uni e multifamiliares), Escolares, Turísticos, Culturais, Comerciais, e como complemento a esta vertente também desenvolveu a componente de Design de Mobiliário, para algumas obras. Na vertente de Planeamento Físico e Urbano, Hestnes Ferreira desenvolveu Planos de Urbanização (Gerais, Parciais e de Pormenor), Projetos de Infraestruturas urbanas, Conjuntos Habitacionais, Administrativos, Institucionais e Turísticos.

A vasta obra de Raúl Hestnes Ferreira recebeu diversas distinções e prémios, ao longo dos anos, em 1982 obteve o Prémio Nacional de Arquitetura e Urbanismo, Secção Portuguesa da Associação Internacional Críticos de Arte (AICA), para o projeto do ISCTE, no mesmo ano o Prémio Cadernos Municipais pela Recuperação de Arcada do Séc. XVI em Beja, e a Menção Honrosa, do Prémio Valmor, para a Escola Secundária de Benfica. Em 1988 ganhou o 1º Prémio do concurso para a Remodelação do Martinho da Arcada, em Lisboa. Em 1993, recebeu Prémio Eugénio dos Santos, da Câmara Municipal de Lisboa, pela remodelação de edifício na Av. da República, em coautoria com Manuel Miranda, bem como o Prémio Nacional de Arquitectura – Construção, Técnica, Detalhe, dado pela Associação dos Arquitectos Portugueses, pelo projeto da Agência da Caixa Geral de Depósitos em Avis, e a Menção honrosa do Prémio Valmor, para o Edifício do INDEG no campus do ISCTE. Em 1994 recebeu o 1º Prémio do Concurso para a Remodelação do Museu de Évora. Em 2004 recebeu o Prémio Valmor 2002, para o Edifício do ISCTE II / ICS. Em 2007 foi Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra. Em 2010 foi reconhecido como Membro Honorário da Ordem dos Arquitetos. Recebeu a Medalha de Mérito da Universidade de Lisboa, em 2011. Em 2014 foi galardoado com o Diploma de Reconhecimento e Mérito da Universidade Lusófona.

Alexandra Saraiva

Ferreira, Rui Manuel Deodato Fernandes Goes
PT/RGF · Pessoa · 1926-1978

Rui Manuel Deodato Fernandes Goes Ferreira nasceu no Funchal a 8 de novembro de 1926. Era filho de José Goes Ferreira e de Maria Dolores Fernandes Goes Ferreira.
Casou-se com Teresa Araújo de Barros Goes Ferreira em 1958.
Em 1936, foi admitido no Seminário Diocesano do Funchal e, em 1942, após a sua saída do Seminário, continuou os seus estudos no Liceu Jaime Moniz, Funchal.
Em 1946, ingressou no Curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Porto. Em Maio de 1961, prestou a sua prova final de curso, obtendo a classificação de 19 valores, com o CODA , um «Abrigo para Raparigas». Recebeu o diploma de arquiteto pela ESBAP a 7 de agosto de 1961.
Durante os anos de 1953 a 1957, o arquiteto madeirense estagiou no atelier de Januário Godinho, colaborando nas obras do Tribunal de Vila Nova de Famalicão e do Tribunal do Funchal.
Entre 1955 e 1962, foi professor de Desenho Arquitetónico nos cursos de Escultura e de Pintura na Academia de Música e Belas Artes da Madeira (AMBAM).
A partir de 1957, foi professor também no Colégio Infante D. Henrique, onde ensinou Desenho até 1962.
Em agosto de 1957, efetuou uma viagem a Berlim, onde visitou a INTERBAU, a primeira Exposição Internacional de Arquitetura após a II Guerra Mundial, contactando diretamente com a arquitetura e o urbanismo modernos no contexto do pós-guerra.
No mesmo ano de 1957, findo o seu estágio profissional, Rui Goes Ferreira inicia o exercício da carreira em regime de profissão liberal. A 22 de julho de 1963, assinou um contrato com o gabinete das Habitações Económicas da Federação das Caixas de Previdência no Funchal, onde desenvolveu vários projetos de habitação unifamiliar nas ilhas da Madeira e Porto Santo.
No final da década de 60, a Diocese do Funchal encomendou a Goes Ferreira um serviço de controlo e avaliação das peças do património artístico religioso disperso pela ilha da Madeira. Nesta tarefa, desenvolvida até 1973, teve a colaboração do arquiteto José António Paradela, que trabalhou no seu atelier durante este mesmo período.
Rui Goes Ferreira esteve envolvido em diversas atividades culturais na Madeira e contribuiu fortemente para o impulso da formação nas áreas das Belas-Artes e da Arquitetura na ilha. Organizou a «1ª Exposição da Escola Superior de Belas-Artes do Porto» nos salões da AMBAM, em setembro de 1962, e fundou a Galeria de Artes Decorativas «TEMPO», primeira galeria de arte moderna no Funchal, em parceria com o escultor Amândio Sousa, seu ex-aluno e recém-diplomado pela ESBAP. A exposição inaugural da galeria, em 1964, denominada «Sete Pintores Portugueses», apresentou trabalhos de Manuel Mouga, Jorge Pinheiro, Espiga Pinto, Manuel Pinto, José Rodrigues, Ângelo de Sousa e Júlio Resende. Organizou também sessões de cinema nos «Colóquios de Urbanismo do Funchal» e ciclos de cinema infantil no «Cine-fórum Funchal», do qual era também ele assíduo frequentador.
Rui Goes Ferreira integrou e acompanhou a elaboração do Plano Diretor da Cidade do Funchal, discutido nos Colóquios de Urbanismo de janeiro de 1969, para os quais foram convidados Robert Auzelle e Nuno Teotónio Pereira. Nestes colóquios teve uma participação ativa como representante do Sindicato Nacional dos Arquitetos, juntamente com Raúl Chorão Ramalho.
Na década de 60, além de Rui Goes Ferreira, só o seu colega e colaborador Marcelo Costa possuía atelier próprio na Madeira. O seu atelier funcionou assim como um pequeno “atelier-escola”, no qual se confrontaram perspetivas variadas, possibilitando a introdução, no arquipélago, de um espírito mais crítico, criativo e aberto em relação à prática da arquitetura. Os principais colaboradores no seus projetos foram os arquitetos José António Paradela, João Conceição, Manuel Vicente, Marcelo Costa, Bartolomeu Costa Cabral, António Marques Miguel, José Mesquita de Oliveira e Gil Martins.
Entre as suas obras mais relevantes, destacam-se o Bairro da Ajuda no Funchal, o Bairro Económico dos Pescadores em Câmara de Lobos, a Capela de N. Sr.ª de Fátima no Pico do Galo, a Casa do Povo da Boaventura em S. Vicente, a Escola Primária da Nazaré em S. Martinho, a remodelação da fábrica, armazéns e escritórios da Empresa de Cervejas da Madeira, o Bloco Residencial de 3 moradias em banda na Rua de Santa Luzia, o Bloco Comercial no Largo da Igrejinha, Funchal, a remodelação do Restaurante e Esplanada no Terreiro da Luta, o Abrigo de Nossa Senhora de Fátima em Santo António, Funchal, e a moradia para Rui Menezes no Porto Santo.
Rui Goes Ferreira tinha como principais hobbies o golf, o snooker e o automobilismo, chegando a conquistar o lugar de melhor madeirense na corrida “Volta à Ilha da Madeira em Automóvel” em 1964.
Faleceu a 18 de setembro de 1978, deixando um legado relevante na arquitetura desenvolvida na Madeira nas décadas de 60 e 70.

Bartolomeu Costa Cabral, Arquiteto liberal
Entidade coletiva · 1952 - 1973

Ainda antes de fundar o seu próprio atelier em 1973, Bartolomeu Costa Cabral desenvolve alguns projetos, entre os quais se destaca aquele para o Grupo Escolar e Balneário do Castelo, a partir de 1952 como profissional liberal. O seu primeiro projeto foi o da Pousada da Praia do Vau, no Algarve, projeto que não chegou a ser construído, mas que foi utilizado para o seu CODA na ESBAL.

CARVALHO, António Cardoso Pinheiro de
PT/ACPC · Pessoa · 1932-2021

António Cardoso Pinheiro de Carvalho nasceu em Amarante a 21 de julho de 1932. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi historiador e professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi membro do Conselho Geral da Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva, membro da Associação Internacional dos Críticos de Arte (Secção Portuguesa) e diretor do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante. Enquanto investigador dedicou-se à temática da Arquitetura Portuguesa, em particular a portuense, e especializou-se na obra do arquiteto Marques da Silva e do pintor Amadeo de Souza-Cardoso. Os estudos por si desenvolvidos têm vindo a ser apresentados em colóquios e seminários. Da obra publicada, em edições nacionais e estrangeiras, destaca-se O Arquitecto José Marques da Silva e a Arquitectura no Norte do País na primeira metade do século XX (FAUP publicações, 1997) e a sua colaboração no Catálogo raisonné da obra de Amadeo de Souza-Cardoso (FCG, 2008).
António Cardoso faleceu a 3 de junho de 2021, aos 89 anos de idade, no Porto.

MARTINS, Catarina Lopes
CLM · Pessoa · 1832-1900

Catarina Lopes Martins nasceu 8 de Janeiro de 1832, no lugar do Monte, Airó, Barcelos. Filha mais velha de 7 irmãos, seus pais eram José Domingues de Faria e Antónia Maria Lopes Martins. Casou no dia 18 de junho de 1851 com António Lopes Martins, seu primo direto, com quem teve 8 filhos, a saber: António Lopes Martins, José Lopes Martins, Manuel Júlio Lopes Martins, Alexandre Lopes Martins, Joaquim Lopes Martins, Emília Lopes Martins, Amélia Lopes Martins e Catarina Lopes Martins. Faleceu em 1900.

MARTINS, Júlia Lopes
1874-1973

Júlia Lopes Martins, também conhecida por Júlia Lopes Martins Marques da Silva, apelido adquirido depois do casamento.
Nasceu em Vila da Feira, Sanguedo em 1874, filha de Manuel Júlio Lopes Martins e de Júlia Emília Paiva Martins, a mais velha de 8 irmãos.
Em 14 de Setembro de 1901 casa com José Marques da Silva com que teve duas filhas Amélia Lopes Martins Marques da Silva e Maria José Marques da Silva Martins.
Faleceu em 1973.